15 marzo 2008

Poema Escalado




MAC,CIDADE DE NITERÓI - BRASIL. OBRA DO ARQUITETO OSCAR NIEMEYER

Poema Escalado


Ao sopé da folha em branco
esmaeci ao vislumbrar teus mistéiros, poesia,
como quem não fantasia, pois o real estremece.

Mas segui. Disse a mim mesma: segue! Passo calmo,
que logo ali na frente não haverá mais significantes e significados.

E prevendo já o imprevisto, escalei duas léguas-estrofes
como quem não sabe o norte em noite sem cruzeiro do sul.

Quase sucumbi ao ter visões facínoras entre nós,
eu e ela, a poesia.

Invoquei as Musas e as Graças... devo ter invocado erradamente,
pois nesta noite meu único abrigo fora uma caverna onde deixei
o corpo sangrar.

Lembro, assim, da noite tempestuosa...
escalei seis léguas-estrofes
como quem não sabe o norte em noite sem cruzeiro do sul.

Amanheceu. Percebi o sangue seco na pedra.
Descubro bestificada que sobrevivi.
As Musas devem ter passado ali, sim. Então uma fada cantarolou da
luz que vinha de dentro, como da luz que vinha de fora criando imagens na caverna:
- Vem que já passa da hora, vem escalar sua história!

E acordando, assim, escalei oito léguas-estrofes
como quem não sabe o norte em noite sem cruzeiro do sul.

E aceitei o convite mais uma vez,
seguindo caminho outrora distante.
Paisagens nativas, outras nonsenses:
besouros, morcegos, borboletas e flores...
um tigre, um lobo, o mamute e uma serpente.
Nada me deteve ou contrangiu, nem a visão de mundo recorrente.

E subindo, assim, escalei dez léguas-estrofes
como a quem não importa a falta de norte em noite sem cruzeiro do sul.

Como quem é água corrente, mas coerente.
E como tal desci a montanha em gotas de chuva,
e subi novamente em vapor,
até bem acima da montanha inicial,
escalada em onze léguas-estrofes.


By Tânia Barros - desde as primeiras publicações
(com leves alterações)

1 marzo 2008

Anima

Minh'alma, amad'alma,
que de mundo e desmundo
é coroada!

Que desmundo é este que te alumia
luzindo tudo com galhardia?!




By Tãnia B.

19 febbraio 2008

Poeta Oswaldo Antônio Begiato






AQUIETAÇÃO
Oswaldo Antônio Begiato

Não tenha medo, minha eleita.

Não venho como tempestade,
Venho com ventos brandos
Na ponta das asas
E gestos macios na ponta dos dedos.

Não venho como fuzil,
Venho com penas brancas
Na ponta da túnica
E lenço branco na ponta da lança.

Não venho como decreto,
Venho com versos tantos
Na ponta da língua
E rimas toantes na ponta dos versos.

Não venho com más intenções,
Venho como se quisesse
Namorar a suavidade,
Casar com a meiguice
E ninar a quietude.


-x-

Minha Homenagem ao Poeta Oswaldo Antônio Begiato

Se há um sonho que se mantém vivo na existência dos seres humanos, este sonho se renova quando lê uma Superior Poesia, a qual provém de seres que sabem ver na simplicidade doce da vida, o fogo da Beleza, e na adversidade estridente, a água que acalma e renova. O poeta é a vista, a fonte e a vida de muitos sonhos sobreviventes no mundo.

By Tânia Barros -

12 febbraio 2008

Eu cruzo oceanos?
Não! Dou volta em círculos!
Me afogo agora
na canseira que sou...

Tem gente a pensar:
navegadores são incansáveis!

Ah, as representações sociais
são tão enfadonhas,
prisionais,
e matam navegantes.



By Tânia Barros